domingo, 20 de novembro de 2011

RAMIRO DA SAUDADE JÁ É NOME DE BIBLIOTECA EM SUA TERRA NATAL,SERRA NEGRA DO NORTE!

Ontem também na cidade de Serra Negra do Norte estive em frente ao prédio centenário que funcionou a velha Intendência e depois Prefeitura daquele santo lugar fundado pelo "VELHO PEREIRA MONTEIRO",fiquei imaginando comigo mesmo como "o tempo é a razão de tudo",pois bem, está gravado para a prosperidade futura uma das mais justas homenagens a um velho filho daquela gleba,o saudoso boêmio,pesquisador,escritor e professor "RAMIRO MONTEIRO DANTAS"-RAMIRO DA SAUDADE,pois bem como é grato ver aquela homenagem a esta grande figura.  Conheci Ramiro de perto e aprendi muita coisa com ele,confesso que foi um dos cronistas sertanejos que guardo como lembrança e memória pelas inúmeras qualidades de ser sertanejo puro e de raça...Ao Vereador JARBAS FARIA e ao Prefeito ROGÉRIO MARIZ,o nosso muito obrigado por esta tão justa homenagem ao velho amigo!

AQUI DEIXO O MEU REGISTRO TAMBÉM...


       “RAMIRO MONTEIRO DANTAS–UMA FIGURA SERRANEGRENSE”



Descrever sobre a figura de Ramiro Monteiro Dantas,é navegar no túnel do tempo e ir ao encontro da Fazenda Saudade, sua terra natal; como bem diz o autor: Nasci na fazenda Saudade, município de Serra Negra do Norte – (RN), no dia 03 de novembro de 1912, filho de Epaminondas Tebano Monteiro de Faria e Quintila Monteirinha Mariz Dantas. Nasci em uma época em que um boi valia mais que a educação; um professor primário era novidade rara em fazenda.
Então, criei-me nessas noites tenebrosas das trevas do analfabetismo. Deus, que não desampara ninguém, deu-me repertório de rimas. 
Fazenda esta herdada do seu avô paterno o Capitão da Guarda Nacional, Josué Álvares de Faria.
O autodidata, poeta e escritor, Ramiro da Saudade, costumava além de suas lides andanças pelos sítios e fazendas circunvizinhas, ainda adquiria o tempo para a dedicação de pescar, tomar umas boas doses de cachaça, além do costume diurno de ler e escrever cartas, versos, poemas e rimas como bem retrata seu verso; FAZENDA SAUDADE.


Fazenda centenária, Saudade, de meus sonhos,
Terra de meus avós, de meus antepassados,
Se em ti gozei os dias felizes da meninice,
Em ti também quisera um dia sepultado.

Em ti passe os dias ditosos da infância,
Plantando um mulunguseiro, que ligeiro cresceu,
Hoje é árvore gigante de sombra acolhedora,
Apenas oito anos mais moço do que eu.

Bem perto, o velho açude com águas,
Há 120 anos, foi construído,
E como um velho Hércules resiste à ação do tempo,
É testemunha muda de tanto acontecido.

Onde está o teu dono, que assim abandonas?
Fugiu da imunda terra, está na eternidade,
E hoje dividida, estranhos moram nela,
Merece duas vezes o nome de Saudade.


Em visita aquela gleba, o então governador Juvenal Lamartine de Faria, seu primo, o convidou para ir residir junto com seu outro irmão Bonato Liberato Dantas, na fazenda Lagoa Nova, perto de Natal, aceitado o convite do então governador, tanto Ramiro como o seu irmão passaram a ser diariamente orientandos pela tradicional família Lamartine. Foi quando naquela época surgiu oportunidade de aquisição de um bom Funcionário Público para assumir os destinos da redação do Diário Oficial do Estado, o jovem Ramiro muito encabulado e tímido negou-se a assumir tal cargo, o que fez retornar o seu torrão natal. Chegando aqui passou a desenvolver a árdua e difícil missão de ensinar, como: mestre escola nas fazendas dos seus parentes; em seguida como um grande conhecedor da história e dos fatos da região do seridó, tornou-se uma espécie de consultor, o que por décadas foi repassador de informações de estudos para vários escritores e pesquisadores famosos do estado, como: Oswaldo Lamartine de Faria, Pery Lamartine, Olavo de Medeiros Filho, Deífilo Gurgel e Vingt-un Rosado, acrescido também de vários outros colegas admiradores de nossa história.
Conheci o velho Ramiro já nos idos dos anos de 1995, quando ali passei a admirá-lo e ao mesmo tempo condensar suas valiosíssimas informações, o que diz respeito a nossa história, a nossa tradição e a nossa própria genealogia. Tornei-me um verdadeiro discípulo daquele sábio professor, onde ele mesmo em saudosa memória relatava que em seu pouco tempo de três dias passados em bancos escolares, havia obtido o hábito da leitura e da escrita, demonstrando assim, ser um sábio por natureza.
No fatídico ano de 1997, infelizmente veio a falecer na Fazenda Reforma, de propriedade de seu afilhado e ex-aluno, José de Pelópidas. Com este triste acontecimento, houve uma perda irreparável para a classe literária dos sertões do seridó. Cabendo assim um dos seus sonetos:



SONETO

Quem foi que já viveu e não pecou?
Que foi que já amou e não sofreu?
Quem foi que já nasceu e não morreu?
Quem foi que já morreu e se salvou?

Nessa dúvida terrível que estou,
Já não sei para onde vou, quando morrer.
Só Jesus é quem pode me dizer,
Reservar o lugar pra onde vou.

Esse mundo é mistério tão profundo,
Ninguém pode saber como este mundo,
Foi criado e deu vida a todo ente.

A vida é emprestada e, nossa moradia,
Será uma cova, escura e fria,
E nela viveremos eternamente.
 


Sentindo-me na obrigação de amigo do velho e inesquecível Ramiro, pedi ao edil Jarbas Faria de Araújo, que ingressasse com uma indicação nesta augusta casa legislativa, para depois de lida, e apreciada, fosse aprovada por unanimidade, o seu nome em sua homenagem, em um dos logradouros público de Serra Negra do Norte, terra natal do grande, inteligente e sábio Ramiro da Saudade. Segue um dos seus versos dedicado exclusivamente a sua terra:


À SERRA NEGRA

Entre montanhas, plantada,
Minha cidade nasceu
E a natureza lhe deu
Aos que as outras negara
Dou-lhe belezas raras,
Que em noite de invernada,
Fez suas praças beijada,
Pelas águas do Espinharas.

Capitão Manoel Monteiro,
Teu primeiro fundador,
Nessas paragens aportou,
Há mais dois séculos passados.
Senhor de escravo, abastado,
Hasteou sua bandeira,
Fez nascer nesta ribeira,
Rica fazenda de gado.

Aqui, em épocas remotas,
Sobre a margem deste rio,
Mandava o tigre bravio,
A mata virgem, o serrado,
Grotões e mato fechado,
Perdido na imensidade,
Antes de cerco cidade,
Fostes fazenda de gado.

Mas, o velho capitão,
Homem culto e fervoroso,
Português, religioso,
Erigiu uma capela.
Uma das mais rica, e bela,
Da zona do Seridó,
Nossa Senhora do Ó,
Foi a padroeira dela.

De capela, hoje Matriz,
Pelos teus filhos zelada,
Ó minha terra adorada,
Em ti quero a minha morte,
Linda cidade serrana,
Ó rainha sertaneja,
Tu tens a mais bela Igreja,
Do Rio Grande do Norte.




                        

                         Timbaúba dos Batistas, 18 de Agosto de 2009.

                
              

                                        Arysson Soares da Silva.
                     (Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)

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