domingo, 5 de fevereiro de 2012

FAZENDA INGÁ,LINDA E BELA COMO SUA GENTE!



O texto abaixo, entre aspas e em itálico, é mais uma obra (prima, diga-se) do Sr. Vicente Serejo, um dos meus cronistas prediletos. Foi publicada n’O Jornal de Hoje do dia cinco de fevereiro último, com o título A mesa do Ingá. E como fala das nossas coisas, bem próprias do nosso Seridó e do Acari do nosso amor, pedi autorização e recebi o sim, para publicá-la aqui. Quem gostar e quiser acompanhar as colunas do autor, basta acessar http://www.jornaldehoje.com.br/vicente.htm. Bom, vamos ao texto.
“A tarde já se anunciava nos longes, nas distâncias azuladas das serras, quando a fome chegou. E por isso fomos bater à porta da casa grande do Ingá, de alpendres abertos para o boqueirão do Bico da Arara. E ali ficamos, arranchados na generosidade de Maurício Galvão, senhor do seu chão antigo já vivo de quase dois séculos. E derramei os olhos numa das mais belas paisagens do sertão do Seridó: a contracena dos casarões do Ingá do alto e do Ingá de baixo, velhos como a história dos moradores de lá. Passava, de vez em quando, um vento calmo e frio. Recortado no gume das serras, para depois alisar a copa de um fícus no copiá da fazenda, e escorrer no chão dos lajedos molhados. E por isso a boa cachaça que o conselheiro Haroldo Bezerra levou no alforje, dava ao ritmo da conversa o conforto de amornar a alma. E ainda nos era dado merecer o bom humor de Eduardo Melo com seu jeito sertanejo de saber ser companheiro de viajem, imune à pressa e à impaciência dos viajantes sem vida e sem graça. Numa hora assim, e perdoem o abuso, mesmo o melhor uísque não consegue ter mais fidalguia do que a cachaça com serigüelas frescas, colhidas no pé daquelas serras, e adoçadas pelo calor da seca que tempera a vida. No Ingá, os umbus silvestres, os mais doces do Seridó, só amadurecem lá nos fins de fevereiro, começos de março. Depois de um lento e bíblico processo de maturação, até que percam a leve penugem que protege o fruto e, assim, luzidios e entumescidos, façam a festa do prazer sem igual. Sem pouso merecido no sertão, a não ser, e muito raramente, na sombra e água fresca do Ingá, não sei de outras mesas como a sua. Numa casa despojada de tudo, sem soberba e sem pedantismo, como a vida monástica do sertão. Só sei da casa de Acauã, no pé da Serra do Macaco, ribeira do Potengi, chão e baronia de Oswaldo Lamartine. No Ingá, mesmo que seu senhor seja um bom bebedor de uísque, o brilho do malte não vence a tradição da casa sertaneja, com sua mesa farta e feita de velhas fidalguias. Almoçamos, nessa mesa velha e senhorial, uma turina com capote - coberta por fina camada de gordura que refoga e ao mesmo tempo cozinha a carne no calor brando e perfeito de um fogão de lenha. E Farofa de ovo das galinhas de capoeira, com suas gemas quase vivas, como se fossem pequenas luas acendendo no branco da porcelana, o instante mágico da mesa posta. E com direito, na sobremesa, à soberba de não aceitar os doces com aquelas serigüelas que, de tão maduras, parecia acesas como brasas. Nem falo do café forte e quente. Das volutas azuis da fumaça do charuto completando o desenho das nuvens. Falo da paz. Da celebração de silêncios e ruídos, orquestrados pelos galos-de-campina e a suave canção dos córregos na babugem verde que explode, preparando o chão de feno que um dia encantou os olhos da poetisa Zila Mamede. Falo da festa do sertão de inverno. E, enternecido, deixei o Ingá olhando no alto o casarão de duas águas, como se lá ainda brincasse o menino Oswaldo Lamartine.”

20/10/2005 Publicada por Jesus de Miúdo.


OBS:  Ó LÍRICA FAZENDA INGÁ DO VELHO E SAUDOSO CORONEL CIPRIANO BEZERRA GALVÃO,FAZENDA QUE TAMBÉM PERTENCEU AO TAMBÉM CORONEL SILVINO BEZERRA DE ARAÚJO GALVÃO E DEPOIS AO EX-GOVERNADOR JUVENAL LAMARTINE DE FARIA,FAZENDA HISTÓRICA E BELA,NELA NASCESTE GRANDE DESCENDÊNCIA,MAS EM 1935 POR POLICIAIS ACONTECEU FORTE ACONTECIMENTO,O RN PERDEU SEU FILHO AMADO O FAMOSO OTÁVIO LAMARTINE,GENTE FINA E BOA GENTE...O SERTÃO NUNCA IRÁ ESQUECER SEU FILHO,PORTANTO A OTÁVIO A DIVINDADE ETERNA E AO TODOS UM ABRAÇO AMIGO DE UM PARENTE EM TERRAS AUSENTES!

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